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terça-feira, 30 de março de 2010

A Estrada de Ferro e a Matança dos Ferroviários

A estrada de ferro, em Catalão, foi inaugurada em 24 de fevereiro de 1913, isso depois de longas batalhas burocráticas e políticas que se arrastaram por anos e anos. Em 1916 as obras da ferrovia já se prolongavam na direção de Ouvidor. Nessa época o alojamento dos ferroviários que trabalhavam na obra ficava no bairro conhecido por Boca da Onça. Na hoje rua Pedro Ludovico, em frente onde funcionou o Julio’s Hotel morava Emerenciana, amante do comandante do destacamento de polícia e amigo do líder e manda-chuva político de então, Isaac da Cunha. Chegando da frente de trabalho, dois ferroviários, ao passarem pela casa de Emerenciana, viram-na, pela janela, em trajes menores se embelezando diante do espelho. Tentado pela cena, um dos trabalhadores fez algum galanteio ao que Emerencina respondeu com rispidez e ofensas. Agredida, fisicamente, Emerencina, após luta corporal com o ferroviário, empreendeu fuga e, perseguida, foi atingida por ele e caiu morta. Efetuou-se, então, busca ao criminoso no alojamento. No enfrentamento um dos soldados caiu morto. A atitude dos trabalhadores de manter silêncio sobre a identidade daquele que matara Emerenciana, iria se mostrar desastrosa. Dias depois do ocorrido, o destacamento policial, adicionado de um bom número de jagunços, comandados por Isaac da Cunha, armaram emboscada aos ferroviários que se dirigiam ao trabalho. Na contenda 12 trabalhadores, inclusive 4 menores, morreram no local. Outros tantos, feridos gravemente, foram levados e receberam atendimento médico em um hospital improvisado no prédio onde viria a ser o Col. N. Sra. Mãe de Deus. O episódio, que ficou conhecido como A Matança dos Ferroviários, ocorreu no dia 5 de fevereiro de 1916. Dos que dele participaram, ninguém foi preso, todavia, não mais que meia dúzia de meses depois, os que lideraram a tocaia tombaram mortos em briga familiar. Para a população isso foi uma prova de que a Justiça Divina tarda mas não falha. (baseado em texto de Cornélio Ramos)

Um comentário:

  1. Segundo consta no Livro História das Lutas Sociais no Brasil, de Everardo Dias, o que ocorreu foi o seguinte:
    Depois de dezessete meses de salários atrasados a empresa responsável pela construção da Estrada de Ferro São Paulo - Goiás resolveu decretar falência. Os trabalhadores resolveram fazer uma reunião no Largo da Matriz para decidir qual posicionamento deviam tomar, pois muitos deles estavam em situação praticamente de mendicância. No momento da reunião a polícia goiana acabou com a reunião à bala, matando nove trabalhadores e ferindo gravemente vários outros.

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