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terça-feira, 6 de julho de 2010

Um catalano chamado João Martins Teixeira

Sábado, 3 de junho de 2010 estive algumas dezenas de minutos experimentando estar na presença de uma das personalidades mais interessantes e que é uma verdadeira enciclopédia em se tratando da história de Catalão. De fato, uma experiência ímpar. Sábado estive a conversar ou, mais corretamente colocado, estive ouvindo o Prof. João Martins Teixeira, um catalano nascido a 1º de outubro de 1924 e que carrega na bagagem, nesta sua viagem terrena, a marca registrada do pioneirismo. A começar pelo sogro, Otílio Rosa, o primeiro dentista com formação acadêmica de Catalão. Filho de Olegário Martins Teixeira e Da. Clotildes Maria Borges, Prof. João Martins montou o primeiro laboratório de análises clínicas de Catalão, em 1948. É, também ele, o pioneiro em realizar transfusão de sangue sem a utilização dos equipamentos adequados, tendo para isso, desenvolvido processo próprio via gravidade. Casado com Da. Shirley Rosa Teixeira, sua colega de classe do curso de Farmácia em Ribeirão Preto, com quem trouxe ao mundo João Martins Jr., Elaine, Juarez e Virgínia. Foi pioneiro, também, na utilização de sapos para realizar testes de gravidez, técnica desenvolvida por um cientista argentino (Ganini) e que aprendeu em seus estágios pós graduação na capital paulista. De acordo com o Prof. João Martins, “usava-se coelhos, mas a margem de acerto era muito pequena. Com sapo, não, com sapo era 100% de acertos”.

Além do pioneirismo o que impressiona neste jovem senhor de 86 anos, são os números:

No hospital de Goiandira realizou 4500 anestesias (1953 a 1972);

No hospital Nasr Faiad, em Catalão, a serviço de Dr. Jamil Sebba e Dr. William Faiad realizou 6.750 anestesias (1958 a 1970).

Na Santa Casa de Catalão, além de montar e comandar o Laboratório desde 1966 até 2008, realizou, a serviço do Dr. Lamartine P. Avelar, 7200 anestesias de 1959 a 1966. Além disso, foi responsável pela estruturação e comando do Banco de Sangue daquela casa de saúde. Eram, aqueles, tempos difíceis, de poucos médicos especialistas disponíveis no mercado de trabalho e de escassos, porém, muito bem utilizados recursos técnicos e financeiros.

No magistério, além de lecionar nos principais estabelecimentos de ensino de Catalão, dirigiu com muita responsabilidade o colégio Estadual João Netto de Campos. Lá montou um bem equipado laboratório, onde os alunos praticavam a teoria aprendida em classe, além de construir toda a praça de esportes da escola com piscina e quadras poliesportivas. É o autor do hino oficial do colégio.

Autor, também, de várias obras relacionadas à sua profissão, que exerceu por 60 anos, Prof. João Martins fala com um misto de satisfação, orgulho e gratidão dos tempos em que, atendendo ao chamado de João Netto de Campos, então prefeito eleito de Catalão, em 1946, não mediu esforços para auxiliar na concretização de uma das maiores obras assistenciais de Catalão, quiçá do estado: a Santa Casa de Misericórdia, onde encerrou a carreira em 2008. E é com orgulho, também, que ele conta o pioneirismo de sua primeira transfusão de sangue de urgência, realizada atendendo pedido do Dr.Lamartine: “foi em 1951, uma parturiente de 17 anos, na zona rural”. Sem os devidos equipamentos Prof. João Martins improvisou toda a parafernália com o que encontrou disponível no laboratório e em farmácias e, já na fazenda, não havendo doador compatível (grupo “O”) ele próprio se prontificou em doar sangue. Dia seguinte, nova transfusão, porém, com sangue já preparado. Uma semana depois a paciente foi trazida para a cidade e se recuperou satisfatoriamente, tanto assim que ela só veio a falecer ano passado.

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