A estrada de ferro, em Catalão, foi inaugurada em 24 de fevereiro de 1913, isso depois de longas batalhas burocráticas e políticas que se arrastaram por anos e anos. Em 1916 as obras da ferrovia já se prolongavam na direção de Ouvidor. Nessa época o alojamento dos ferroviários que trabalhavam na obra ficava no bairro conhecido por Boca da Onça. Na hoje rua Pedro Ludovico, em frente onde funcionou o Julio’s Hotel morava Emerenciana, amante do comandante do destacamento de polícia e amigo do líder e manda-chuva político de então, Isaac da Cunha. Chegando da frente de trabalho, dois ferroviários, ao passarem pela casa de Emerenciana, viram-na, pela janela, em trajes menores se embelezando diante do espelho. Tentado pela cena, um dos trabalhadores fez algum galanteio ao que Emerencina respondeu com rispidez e ofensas. Agredida, fisicamente, Emerencina, após luta corporal com o ferroviário, empreendeu fuga e, perseguida, foi atingida por ele e caiu morta. Efetuou-se, então, busca ao criminoso no alojamento. No enfrentamento um dos soldados caiu morto. A atitude dos trabalhadores de manter silêncio sobre a identidade daquele que matara Emerenciana, iria se mostrar desastrosa. Dias depois do ocorrido, o destacamento policial, adicionado de um bom número de jagunços, comandados por Isaac da Cunha, armaram emboscada aos ferroviários que se dirigiam ao trabalho. Na contenda 12 trabalhadores, inclusive 4 menores, morreram no local. Outros tantos, feridos gravemente, foram levados e receberam atendimento médico em um hospital improvisado no prédio onde viria a ser o Col. N. Sra. Mãe de Deus. O episódio, que ficou conhecido como A Matança dos Ferroviários, ocorreu no dia 5 de fevereiro de 1916. Dos que dele participaram, ninguém foi preso, todavia, não mais que meia dúzia de meses depois, os que lideraram a tocaia tombaram mortos em briga familiar. Para a população isso foi uma prova de que a Justiça Divina tarda mas não falha. (baseado em texto de Cornélio Ramos)