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sábado, 26 de dezembro de 2020

Catalão Bebidas, distribuidor Antárctica, de propriedade de Zacharias Abrão, foi, durante décadas, o maior fornecedor de cerveja e refrigerantes para Catalão e região

Um dos locais de lazer mais frequentado de Catalão era a Cachoeirinha, no Ribeirão Samambaia

Flagrante de Paulinho Hummel e um primo seu em frente à residência da família, na rua Pedro Ludovico. Ao fundo o Hospital Nasr Faiad

Vista da sede do Poder Executivo Municipal, onde hoje funciona a Fundação Maria das Dores Campos, na Av. 20 de Agosto. Ao fundo, a casa do Prof. João Martins e mais atrás o Banco do Brasil, hoje Caixa Econômica. Fotografia dos anos 1970, tendo a 20 de agosto recebido os bloquetes e a iluminação com lâmpadas de mercúrio.

Casa do Sr. João Cardoso, na Rua Juca Cândido (rua estreita). Na porta, uma Motoneta Piaggio, que recebeu no Brasil o nome de Vespa

Tomada da Av. 20 de Agosto mostrando dois imóveis icônicos e que existem até hoje: a casa da Profª Maria das Dores Campos e ao fundo, o conhecido Prédio do Alvim.

De arquitetura Art Decô, o Cine Teatro Real que durante décadas trouxe aos catalanos cultura e entretenimento.

Início dos anos 1970, a av. 20 de Agosto com a icônica torre do relógio. À direita é possível notar a fachada da loja A Revolução.


O cantor brega Waldiqui Soriani esteve em Catalão, pelos idos da década de 1970. Entre os catalanos, Jairo Guerreiro é seu fá incondicional e, durante a apresentação do artista, deu uma palhinha. A sequência de fotos registraram aqueles momentos que, para Jairo, foram inesquecíveis.




 

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

UM MUSEU A CÉU ABERTO 

Luís Estevam

(Da Academia Catalana de Letras)

Poucos catalanos sabem que, passear pela Praça Getúlio Vargas é caminhar sobre um chão sagrado, repleto de memórias do velho Catalão. Trata-se de um santuário histórico que remete a épocas passadas, com detalhes que não escapam ao atento observador. 

A Praça Getúlio Vargas carrega um tonel de lembranças, tanto na dimensão política, como na esfera social do município. 

Na dimensão política, a praça representa as mudanças no poder institucional que ocorreram ao longo do tempo. Por isso, experimentou três denominações diferentes. Primeiro foi batizada de Praça da República em homenagem à vitória do partido republicano, liderado  pelo senador Antonio Paranhos, em 1889. O parlamentar morava na esquina de baixo da praça onde possuía um grande sobrado residencial e comercial.


Tudo indica que o líder político sentiu-se bem à vontade em inaugurar a praça com o nome do regime pelo qual foi eleito, sendo o representante de Goiás na constituição republicana brasileira. 

Até então, a Praça da República era apenas um largo vazio, sem quaisquer traços de urbanização. O primeiro monumento que recebeu foi um coreto de madeira, bem depois, em 1916. A obra foi iniciativa do intendente municipal Jocelyn Gomes Pires, um mineiro radicado em Catalão, que promoveu diversas melhorias na cidade. O coreto, caprichosamente edificado, tinha a forma octogonal e passou a ser usado em leilões, apresentações musicais e comícios políticos. 

A Praça da República, a partir de então, passou a ser bastante frequentada por moradores. Foi o que motivou o intendente municipal Augusto Netto Carneiro a promover uma ampla reforma no local em 1929. O intendente ajardinou todo o largo da praça e calçou a área com pedras decorativas. Levantou um robusto coreto de alvenaria, também em forma octogonal, que continua até hoje enfeitando  o cenário. Implantou uma fonte de água corrente, embelezou a parte de baixo com balaustrada, distribuiu pequenos postes de iluminação e belas escadarias pelo logradouro.

O calçadão da praça Getúlio Vargas por onde desfilava a mocidade num vai e vem movido a troca de olhares, sorrisos sob a trilha sonora do alto falante do Empório Goiás.
 

Na verdade, Augusto Netto Carneiro acabou construindo uma nova praça  e rebatizou-a com o nome de Praça Eugênio Jardim. Também por motivos políticos. 

O coronel Eugênio Jardim havia sido o grande vitorioso na revolução de 1909 em Goiás, que conduziu Totó Caiado ao poder estadual. Era um militar carioca muito respeitado, atuante na esfera política goiana, tendo sido reeleito para o senado federal em 1924. Porém, com a sua morte acidental em 1926, atropelado por um automóvel no Rio de Janeiro, o senador ganhou diversas homenagens póstumas em Goiás. Uma delas foi a mudança da antiga Praça da República, em Catalão, que passou a se chamar, a partir de 1929, Praça Eugênio Jardim. 

Diga-se de passagem que, os catalanos não se acostumaram inteiramente com o novo nome. Ninguém falava "Praça Eugênio Jardim", mas simplesmente "Praça do Jardim".

E, assim ficou por longo tempo, na memória popular, a "Praça do Jardim" em nossa cidade. 

Entretanto, o quadro político mudou radicalmente a partir de 1930. Getúlio Vargas assumiu o comando nacional e nomeou Pedro Ludovico Teixeira como interventor em Goiás, desbancando do poder o grupo do Eugênio Jardim e do velho Totó Caiado. 

A praça estava condenada a mudar de nome. Desta feita, as alterações vieram da parte de um ilustre morador da praça, Diógenes Sampaio, que havia sido intendente municipal no começo da década de 1930. Este líder político, que recebeu Pedro Ludovico em sua residência, quando o interventor veio a Catalão, transformou o local em Praça Getúlio Vargas a partir da década de 1940.


   A futura praça Getúlio Vargasno início do século XX, já com o coreto em sua forma definitiva e que se mantém até os dias atuais

O fundamental é que, a praça tornou-se tão importante, em termos de sociabilidade, que ninguém mais ousou trocar o seu nome. Aliás, nem precisava porque continuou sendo chamada, por longo tempo, de "Praça do Jardim". 

Durante meio século, a Praça Getúlio Vargas foi o principal centro de lazer em Catalão, tanto para os ricos como para os pobres. Várias  gerações usufruiram do ambiente social, dinâmico e festivo, de outrora. 

O Cine Teatro Real, o barzinho do coreto, a Panificadora São José, o clube social do CRAC, o Bar e Restaurante Irapuan, o Taco de Ouro, o Bar das Vitaminas e a Churrascaria Kambota marcaram a vida da comunidade catalana. Tudo girava em torno da Praça Getúlio Vargas para onde os frequentadores 

afluiam em grupos, envergando suas melhores roupas e perfumes. Até mesmo o Clube 13 de Maio situava-se a apenas dois quarteirões de distância. 

Existe um valioso trabalho monográfico, feito pelo historiador Sylvio Netto Lorenzi, a respeito dos anos dourados no espaço da Praça Getúlio Vargas em meados do século passado. O texto, ainda inédito de publicação, traz uma análise sociológica e política muito interessante.

Por outro lado, a Praça Getúlio Vargas, em si, constitui um arquivo memorial da cidade. No seu perímetro estão monumentos históricos, de diversas épocas, Que remetem ao passado glorioso de Catalão.  Vale a pena conferir cada detalhe incrustado na velha "Praça do Jardim".  (Luís Estevam)


Nesta imagem é possível ver a fonte instalada na urbanização inaugurada por Augusto Netto

Os primórdios da futura Praça Getúlio Vargas. O coreto, desde o início, no formato octogonal. À esquerda, o casarão da família Paranhos que abrigava também as oficinas do Jornal Goyas Minas.