Faleceu nesta quarta-feira, dia 23 de setembro de 2009, em Catalão, Mário de Mendonça Netto. Filho do casal João Netto de Campos e Maria Izabel de Mendonça Netto, Mário foi Deputado Estadual na década de 1950 quando, então, esteve presente ao lado dos pequenos agricultores de Trombas e Formoso quando estes estiverem em confronto armado com os grileiros de terras. Na década de 1960 elegeu-se vereador em Catalão e pela veemência com que discursava em prol das grandes causas nacionais e contrário ao golpe militar de 1964, respondeu a um IPM – Inquérito Político Militar, cuja conclusão resultou na cassação de seu mandato.
Abaixo, trecho do interrrogatório a que foi submetido pela autoridade militar.
...perguntado sobre quais suas idéias a respeito da estrutura social, atual, no País e no Exterior, respondeu que: Entre os delatores que, tenho certeza, está o Sr. Prefeito Municipal, contra o qual, no início do meu mandato de vereador ingressei com um pedido de Impeachment por crime de peculato, desvio de verbas e malbaratamento dos bens públicos, pedido este que foi aprovado pela Casa sendo o Sr. Prefeito afastado por dois dias, quando foi reintegrado ao cargo por ato judiciário é este o homem que me denuncia, por vingança, ao comando revolucionário lançando sobre mim a pecha de comunista, doutrina que jamais professei como pode se verificado nas atas da Câmara Municipal, de antes e após a Revolução de 31 de março. Reafirmo, não fui comunista e não sou comunista. Somente por colocar-me ao lado, desde minha juventude, das campanhas nacionalistas como a do Petróleo é Nosso, da qual participaram grandes nomes da nacionalidade [...] por ter-me colocado ao lado, quando deputado estadual dos posseiros de Formoso e Trombas, quando lá estive durante dois anos para defendê-los na Assembléia do Estado contra a sanha dos “Grileiros” que queriam por todos os meios e modos a fim de desalojá-los daquelas terras férteis e cultivadas com suor e sangue; por me colocar ao lado das reformas de base, ou seja, Reforma Agrária, Bancária, Urbana, da nacionalização das refinarias de petróleo, preconizadas pelo ex-presidente João Goulart é que me acusam de comunista. Sou um homem ligado à terra, trabalham quase diariamente para mim, cinqüenta a sessenta homens e sinto de perto o sofrimento desta gente e sofro por não ter meios de minorá-los. Essa gente precisa do amparo do Estado, não quer caridade, quer justiça social. (Mário de Mendonça Netto, depoimento ao IPM, junho/64)
Abaixo, dircurso de Mário durante sessão da Câmara de Vereadores em que foi cassado.
Senhor Presidente, Senhores Vereadores. Sinto-me, nessa casa um homem realizado. Cumpri os desígnios por mim traçados, recebo de cabeça erguida a sentença de meus colegas. Entrei nesta casa de cabeça erguida e assim quero sair dela se assim o quiserem. Fui contra e continuarei sendo, lá fora, contrário aos princípios desta revolução que tantas injustiças tem cometido por este Brasil afora, mas aplaudo-a pela justiça que fez em Catalão. Aqui sempre procurei pautar uma linha de conduta coerente com meus princípios e agora sou julgado por ser nocivo. Não reconheço no capitão autoridade para julgar-me. Só recebo julgamento do povo, este é que deve condenar-me ou absolver-me. Sou nocivo à coletividade apenas por ser contra a revolução, apenas por ser a favor das reformas de base, da nacionalização das refinarias de petróleo; por isso sou considerado nocivo ideologicamente. Ratifico meus pronunciamentos nessa casa, espero, serenamente, o julgamento de meus companheiros. (Mário de Mendonça Netto, pronunciamento da Câmara de Vereadores, julho/64)
Após estes fatos, Mário passou longo período na clandestinidade pois que se lhe foi aberto processo na justiça militar. Com o arquivamento do processo, retomou os estudos e diplomou-se em direito pela Escola de Direito do Largo São Francisco – USP, em São Paulo, onde atuou junto ao escritório Rubens de Mendonça até a sua aposentadoria.
Abaixo, trecho do interrrogatório a que foi submetido pela autoridade militar.
...perguntado sobre quais suas idéias a respeito da estrutura social, atual, no País e no Exterior, respondeu que: Entre os delatores que, tenho certeza, está o Sr. Prefeito Municipal, contra o qual, no início do meu mandato de vereador ingressei com um pedido de Impeachment por crime de peculato, desvio de verbas e malbaratamento dos bens públicos, pedido este que foi aprovado pela Casa sendo o Sr. Prefeito afastado por dois dias, quando foi reintegrado ao cargo por ato judiciário é este o homem que me denuncia, por vingança, ao comando revolucionário lançando sobre mim a pecha de comunista, doutrina que jamais professei como pode se verificado nas atas da Câmara Municipal, de antes e após a Revolução de 31 de março. Reafirmo, não fui comunista e não sou comunista. Somente por colocar-me ao lado, desde minha juventude, das campanhas nacionalistas como a do Petróleo é Nosso, da qual participaram grandes nomes da nacionalidade [...] por ter-me colocado ao lado, quando deputado estadual dos posseiros de Formoso e Trombas, quando lá estive durante dois anos para defendê-los na Assembléia do Estado contra a sanha dos “Grileiros” que queriam por todos os meios e modos a fim de desalojá-los daquelas terras férteis e cultivadas com suor e sangue; por me colocar ao lado das reformas de base, ou seja, Reforma Agrária, Bancária, Urbana, da nacionalização das refinarias de petróleo, preconizadas pelo ex-presidente João Goulart é que me acusam de comunista. Sou um homem ligado à terra, trabalham quase diariamente para mim, cinqüenta a sessenta homens e sinto de perto o sofrimento desta gente e sofro por não ter meios de minorá-los. Essa gente precisa do amparo do Estado, não quer caridade, quer justiça social. (Mário de Mendonça Netto, depoimento ao IPM, junho/64)
Abaixo, dircurso de Mário durante sessão da Câmara de Vereadores em que foi cassado.
Senhor Presidente, Senhores Vereadores. Sinto-me, nessa casa um homem realizado. Cumpri os desígnios por mim traçados, recebo de cabeça erguida a sentença de meus colegas. Entrei nesta casa de cabeça erguida e assim quero sair dela se assim o quiserem. Fui contra e continuarei sendo, lá fora, contrário aos princípios desta revolução que tantas injustiças tem cometido por este Brasil afora, mas aplaudo-a pela justiça que fez em Catalão. Aqui sempre procurei pautar uma linha de conduta coerente com meus princípios e agora sou julgado por ser nocivo. Não reconheço no capitão autoridade para julgar-me. Só recebo julgamento do povo, este é que deve condenar-me ou absolver-me. Sou nocivo à coletividade apenas por ser contra a revolução, apenas por ser a favor das reformas de base, da nacionalização das refinarias de petróleo; por isso sou considerado nocivo ideologicamente. Ratifico meus pronunciamentos nessa casa, espero, serenamente, o julgamento de meus companheiros. (Mário de Mendonça Netto, pronunciamento da Câmara de Vereadores, julho/64)
Após estes fatos, Mário passou longo período na clandestinidade pois que se lhe foi aberto processo na justiça militar. Com o arquivamento do processo, retomou os estudos e diplomou-se em direito pela Escola de Direito do Largo São Francisco – USP, em São Paulo, onde atuou junto ao escritório Rubens de Mendonça até a sua aposentadoria.
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