Randolfo Campos, marcante personagem da história de Catalão, foi poeta e colaborador de jornais locais e de cidades vizinhas. Várias vezes citado em crônicas da imprensa da região, Randolfo Campos sempre se colocou firme na luta contra os oportunistas que extraíam do poder benefícios próprios em detrimento do bem público. Foi professor e Inspetor do Curso Normal do Colégio Mãe de Deus, cargos que ocupou sem ter recebido um centavo sequer de remuneração. Ao lado da sobrinha Vitorita Victor Rodrigues, a Madre Lúcia, que foi diretora geral da congregação Madre Cabrini, foi um dos baluartes da educação no município. Quando da retirada da Cruz do Anhanguera do alto do morro de São João, com a autorização expressa do Juiz Luiz Ramos de Oliveira Couto, Randolfo Campos recorreu a todos os jornais da época e bateu de casa em casa para mostrar à população, o absurdo daquele ato. Como estatístico, foi um dos grandes colaboradores de Antônio Azzi na elaboração do “Catalão Ilustrado”, uma espécie de anuário sócio-econômico e político, publicado em 1937.
Randolfo Campos deixou um caderno de manuscritos contendo 54 poesias. A seguir, trechos de sua obra.
Melancolia (São Gotardo, sua terra natal, em 1897)
Vida! Que és tu sinão um caos imenso
Donde brotando estão a cada instante
Num referver terrível, cruciante
Dores atrozes, sofrimento intenso!
XI de Outubro (Catalão, em 1899 – dedicada a Benildes Donai Victor Rodrigues, sua 1ª esposa)
Ao murmúrio das águas que deslisam
Como cantava o poeta à sua amada
O dia do teu amor eu cantava
Numa alegre canção viva inspirada
Esperança (São Gotardo, em 1897)
A esperança é a estrela brilhante
Que aparece nas trevas da vida
Que consola-nos a alma abatida
Estimula a coragem expirante.
Dedicatória (soneto dedicado a Beni, então sua esposa)
Pois que tu és minha companheira
Em cujo peito esta alma achou guarida
Achando o puro bem que desejava
E mais se estima nesta curta vida.
Randolfo Campos, nascido em São Gotardo – MG, em 1873, filho de José da Silva Campos e Joaquina Lina de Campos, foi, também, músico. Tocava acordeon e violão e foi durante as aulas de acordeon que ministrava para a jovem Benildes, que surgiu o romance e dele o casamento do qual nasceram os futuros advogados Tharsis e Jairo Campos, este último veio a ser desembargador no Paraná. Habilitado em concurso público, ocupou, vitaliciamente, com extremado zelo o cargo de 2º Tabelião e oficial do Registro Geral das Hipotecas. Do casamento com Beni, além de Tharsis e Jairo, nasceram Clóvis (falecido com 4 anos), Áurea (falecida com 2 anos). Em 1919, morando no Rio de Janeiro, Da. Benildes faleceu e, de volta a Catalão, em 1922, Randolfo casou-se com Da. Henriqueta Borges Campos e dessa união vieram ao mundo Heber Campos e os gêmeos Maria José e José Mário. De 1930 a 1934 foi prefeito interino. É o patronoda cadeira XI da Academia Catalana de Letras, que depois foi ocupada por Maria das Dores Campos.
A biografia de Randolfo Campos é extensa, como extenso é o legado que ele deixou para os catalanos que advogam ou pretendem advogar as grandes causas sociais.
(Extraído de "Gente Nossa" de Maria das Dores Campos)
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