No dia 28 de julho de 2009, o jornal O Popular trazia extensa matéria sobre os entraves envolvendo pequenos agricultores, grileiros de terras e força policial na região de Trombas e Formoso. Sob o título de “Revelações da Luta Armada” a matéria trata, entre outros eventos que marcaram o episódio, do sumiço de personagens ligadas ao movimento camponês, entre eles, José Porfírio (líder do movimento) e de Pedro Paraná, braço direito de José Porfírio.
Por esta época, Mário Mendonça, Filho de João Neto de Campos, então deputado estadual, abraçou a causa dos posseiros que andavam às turras com os poderosos latifundiários e grileiros de terras em Trombas e Formoso. Pretendendo dar ao movimento camponês total publicidade, objetivando sensibilizar as autoridades e a sociedade, Mário foi ter com os pequenos agricultores de Trombas e Formoso e levou consigo um repórter da Revista Manchete que à época era um dos mais influentes meios de comunicação do país.
As fotografias a seguir, registram a estada de Mário Mendonça Netto com os camponeses de Trombas e Formoso.
As fotografias a seguir, registram a estada de Mário Mendonça Netto com os camponeses de Trombas e Formoso.
Aqui ele caminha ladeado pelo líder dos camponeses, José Porfírio (o 3º da esq p/ dir).
Mário juntamente com pequenos agricultores de Trombas e Formoso. O de chapéu e óculos, acredito ser Pedro Paraná, assassinado em 1989.
Momento de descontração: batendo uma bolinha.
Sobre os acontecimentos em Trombas e Formoso, Valter Waladares, militante do Partido Comunista do Brasil e presente aos eventos, depõe:
Os camponeses viviam na região há mais de trinta anos. Com a construção de Brasília e da rodovia BR-153 – a Belém-Brasília – houve uma valorização grande daquelas terras, que antes dos camponeses ali se instalarem eram inóspitas. Então dois conhecidos grileiros da região, o Camapum e o Peroca, resolveram grilar aquelas terras também. Eles montaram todo o grilo e compraram o juiz. Logo após a sentença do juiz, iniciaram-se as intimações para a desocupação das terras. Paralelamente, os grileiros começaram a cobrar uma espécie de “Arrendo” dos camponeses porque, afinal, “eles haviam utilizado uma terra que não era deles durante anos e deveriam pagar por isto”. A ação do grileiros dependia de quem era o camponês: de um deles tomavam toda a produção, de outros eles tomavam a metade. Neste tempo, nós tínhamos alguns companheiros em Uruaçu (GO), principalmente o José Sobrinho, que era nosso grande apoio. O primeiro a tentar contato foi o Geraldo Tibúrcio, que era de Catalão e já atuava no movimento camponês. Ele foi procurar uma pessoa que tinha uma certa liderança na região, o Zé Firmino, mais ou menos em 1953 [...] Nosso sonho inicial era transformar a luta dos posseiros do Formoso no início da luta armada pela libertação nacional. Se em relação ao nível da consciência nós não tenhamos conseguido dar um passo à frente, do ponto de vista da influência tivemos um trabalho muito importante. No Formoso existia o problema da posse da terra e da luta contra policiais e jagunços. Mas a luta contra o latifúndio, como um todo, acabou por não ser tocada. O surgimento da luta e a vitória dos camponeses do Formoso, a conformação da associação praticamente como o órgão dirigente do município, tudo isso repercutiu em todas as cidades do estado. (Valter Waladares, entrevista a Ana Lúcia Nunes)
José Porfírio elegeu-se Deputado Estadual na década de 1970, todavia, em uma viagem entre Brasília e Goiânia, entre 1972 e 1973 ele desapareceu e nunca mais foi visto. Acredita-se que tenha sido assasinado nos porões da ditadura pois à época, vivia-se um período dos mais repressivos do governo militar.
Sobre os acontecimentos em Trombas e Formoso, Valter Waladares, militante do Partido Comunista do Brasil e presente aos eventos, depõe:
Os camponeses viviam na região há mais de trinta anos. Com a construção de Brasília e da rodovia BR-153 – a Belém-Brasília – houve uma valorização grande daquelas terras, que antes dos camponeses ali se instalarem eram inóspitas. Então dois conhecidos grileiros da região, o Camapum e o Peroca, resolveram grilar aquelas terras também. Eles montaram todo o grilo e compraram o juiz. Logo após a sentença do juiz, iniciaram-se as intimações para a desocupação das terras. Paralelamente, os grileiros começaram a cobrar uma espécie de “Arrendo” dos camponeses porque, afinal, “eles haviam utilizado uma terra que não era deles durante anos e deveriam pagar por isto”. A ação do grileiros dependia de quem era o camponês: de um deles tomavam toda a produção, de outros eles tomavam a metade. Neste tempo, nós tínhamos alguns companheiros em Uruaçu (GO), principalmente o José Sobrinho, que era nosso grande apoio. O primeiro a tentar contato foi o Geraldo Tibúrcio, que era de Catalão e já atuava no movimento camponês. Ele foi procurar uma pessoa que tinha uma certa liderança na região, o Zé Firmino, mais ou menos em 1953 [...] Nosso sonho inicial era transformar a luta dos posseiros do Formoso no início da luta armada pela libertação nacional. Se em relação ao nível da consciência nós não tenhamos conseguido dar um passo à frente, do ponto de vista da influência tivemos um trabalho muito importante. No Formoso existia o problema da posse da terra e da luta contra policiais e jagunços. Mas a luta contra o latifúndio, como um todo, acabou por não ser tocada. O surgimento da luta e a vitória dos camponeses do Formoso, a conformação da associação praticamente como o órgão dirigente do município, tudo isso repercutiu em todas as cidades do estado. (Valter Waladares, entrevista a Ana Lúcia Nunes)
Parabens pela qualidade das informações, preciso saber o nome do autor dessas fotos sobre Trombas e Formoso. Temos aqui um trabalho sobre essa guerilha e gostaria de usar as fotos, mas preciso do crédito
ResponderExcluirobrigada
sinvaline
Sivaline, boa noite.
ResponderExcluirAntes de mais nada, obrigado por acessar o
NOSSOCATALAO. Bem, a respeito das fotografias, acredito que o autor delas seja o fotógrafo que aparece em uma delas, ele fazia parte da equipe da revista "O Cruzeiro".
Infelizmente não tenho a informação do nome dela. Quem poderia dizer é meu tio, o ex-deputado Mário de Mendonça Netto que à época esteve presente aos acontecimentos e foi ele quem levou o fotógrafo até Trombas e Formoso. Todavia, ele faleceu ano passado e estas fotografias pertenciam a ele..
Parabéns pelas as fotos do meu avô.
ResponderExcluirOnde consegiu poderia ta me enviando elas.Desde já agradeço.OBRIGADA alianneporfirio@hotmail.com
eu conheço muito trombas euma cidade muito boa minha bisa vo fazia parte da turma do jose porfirio
ResponderExcluirSylvim, parabéns.. nem eu sabia da metade de coisas que tem ai do meu avô! Ele foi um homem bom! Obrigada. Camila Netto Rezende
ResponderExcluirBoa tarde, pessoal!
ResponderExcluirMeu nome é Priscila Cândido, sou graduando do curso de História da UNESP-campus de Franca. Gostaria de saber se alguém teria um documento que trate mais especificamente da batalha de Tataíra. Estou estudando esse movimento guerrilho tão importante para a nossa História, mas estou com dificuldade de encontrar.
Desde já agradeço a atenção de vocês!
Ah, e gostei bastante do seu trambalho, parabéns!!
Att.,
Priscila
Boa tarde Priscilla.
ExcluirVeja bem, Aqui em Catalão há o Campus da Universidade Federal de Goiás e tem o curso de História. Um dos professores do curso, Cláudio Maia, estudou a fundo o conflito de Trombas e Formoso, inclusive sua tese de doutorado versou sobre o assunto. Talvez ele possa lhe fornecer alguma informação. O Pabx do Campus é 64 3441 1500 e o telefone da Coordenação de História é 64 3441 1509. Caso não consiga falar nesses números, me retorne que vou tentar obter outro pra vc. Abraço, sylvim